segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Identidade Cabo-verdiana “Afinal quem somos?!”



Costumo dizer que, enquanto continuarmos aqui imersos no desconhecido, enquanto não se ganhar uma consciência patriótica das nossas origens e das pessoas que marcaram e muito a nossa história; enquanto não se criar laços com a nossa cultura, numa espécie de reconciliação tardia com aquilo que é nosso; enquanto não tivermos consciência da nossa verdadeira identidade, mais consciência ainda que essa mesma identidade deve estar em  perfeita harmonia com a natureza, com as nossas rochas, com as nossas pedras e tudo aquilo que nos cerca e que faz de nós seres singulares. Enquanto isso não acontecer, podem vir os pousos dos intelectuais com discursos "palelas", discursos de entrosamento, discursos de veneno, daquilo que acham que é o certo, daquilo que deveria ser feito, daquilo que não deveria ser feito destilando ao mesmo tempo os discursos de seu pares.

Cada um precisa sentir a cultura dentro dele, cada um deverá buscar conhecer essa cultura, porque no dia em que isso acontecer, nós seremos realmente uma nação, um povo distinto, poderoso, onde não será mais preciso assistir situações deploráveis do sentimento de inferioridade para com os outros povos, porque nós saberemos que somos especiais, e que temos de dar continuidade a luta que os nossos irmãos nos entregaram em mãos, mas  que, infelizmente, tem estado cristalizada nas mãos erradas.

As autoridades e todos aqueles que se acham no direito de impor ordem a nossa sociedade, provavelmente porque têm poderes para isso, não querem que isso aconteça, não querem que descubramos este tipo de informações. Deturpam a nossa história, abafam os acontecimentos, os nossos heróis da espingarda, heróis da palavra.

Acorda sociedade cabo-verdiana! Abram as portas das vossas mentes, procurem, pesquisem, conversem com os mais velhos, descubram aquilo que nos, que vos pertence, porque só depois disso poderão dizer de peito aberto que tem orgulho de pertencerem a este povo. Depois disso retomamos lá onde as coisas nunca deveriam ter parado, que é a luta. Deixemos de ser um povo "lambe botas", um povo dos altos discursos, dos "bla bla", do individualismo, da competição por um ego mal curado, dos discos riscados. Passemos disso. Precisamos ser mais pragmáticos, mais incisivos, objectivos, com o sentido de um bem maior e não do protagonismo.


Façamos por merecer a nossa autonomia enquanto povo, enquanto nação. Temos que aniquilar esta cultura que se instalou aqui, que é a da roda da espera. Não esperemos por X ou por Z, avancemos, criando projectos em grupo e materializando esses mesmos projectos, porque nós temos capacidades para isso.

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